Ontem, dia em que se comemorou o nascimento da Internet, a Associação do Comércio Audiovisual, de Obras Culturais e de Entretenimento de Portugal (ACAPOR) teve a infeliz ideia de mais uma vez atentar contra este meio de comunicação.
Uma vez mais a ACAPOR entregou na Procuradoria-Geral da República mil endereços IP de cidadãos que segundo esta foram “detectados a partilhar de forma ilegal obras cinematográficas protegidas por Direitos de Autor.” O Partido Pirata Português relembra que esta associação não é um juiz de direito e por isso não tem qualquer legitimidade para recolher dados
com o intuito de promover consequentes processos criminais. Aliás em Portugal vigora o princípio processual penal da oficialidade, ou seja, o exercício da acção penal compete ao Ministério Público. Outro princípio penal que relembramos é o in dubio pro reo – o IP não identifica ninguém individualmente, mas sim uma ligação à rede, é falível que um IP identifique uma pessoa, tal só é possível acompanhado de data e hora e ainda assim não se pode concluir que a pessoa tenha ou não tenha autorização para partilhar o conteúdo. Portugal pauta-se pelo PRINCÍPIO DA INOCÊNCIA e não pelo princípio de se considerar todos culpados até prova em contrário em defesa de interesses comerciais. A ACAPOR arrisca-se, aliás, a dar um tiro no próprio pé, uma vez, que esta já admitiu não deter os direitos dos filmes e portanto o seu IP deverá constar dessa lista.
Esta constante violação da privacidade não é admissível e portanto o PPP denunciou e aconselha todos os portugueses a denunciar esta situação de modo a que seja travada e se tirem as devidas responsabilidades de quem viola a Lei da Protecção de Dados pelo “não cumprimento de obrigações relativas a protecção de dados”. Quantos mais cidadãos exercerem do seu direito de queixa/reclamação mais garantias se terá que estes actos não cairão em saco roto nem que a culpa morrerá solteira.
Em nota final, gostaríamos de lamentar a tentativa de instrumentalizar a justiça de parte da ACAPOR o que é vergonhoso, o respeito pelas instituições democráticas é devido, ainda para mais perante a actual conjuntura da justiça e da sociedade. Precisamos de quem defenda o que é correcto e não de quem procura o “total entupimento dos tribunais” para dar um ar da sua graça, na defesa de um mercado obsoleto e ultrapassado. É por isso igualmente lamentável as declarações confusas e díspares na Assembleia da República, onde foi afirmado na pessoa do seu presidente que “quando a ACAPOR tomou a iniciativa de apresentar 1000 queixas-crime, foi recebida por dois magistrados que disseram, que apesar de ser um crime público, o Ministério Público não tinham a incumbência de actuar nas redes de partilha e proceder a essa investigação.” Afirmação que é contrariada pela própria associação quando confrontada com 50 queixas contra si: “tendo inclusivamente indo mais longe dizendo que tal impulso seria “indispensável para a abertura dos respectivos inquéritos criminais”.
“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons” (Martin Luther King). É pois tempo de quebrar o silêncio de cada um de nós e GRITAR pelos nossos direitos.
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7 comentários de Novo ataque da ACAPOR à privacidade